quinta-feira, 21 de abril de 2016

Bela, recatada e do lar


      por: professor Harley Cunha
  No mundo atual, tão diverso e livre, ser "Bela, recatada e do lar" é apenas uma opção para as mulheres, afirma a historiadora Mary del Priori em entrevista a BBC Brasil. leia um trecho da entrevista:
 
"BBC Brasil - Você ressalta que há mulheres que ainda desejam essa classificação, orbitar em volta do marido, mesmo com as conquistas do mercado de trabalho, e há uma sensação por parte de um grupo de que isso não seria justo, ou adequado. Isso é visto como um retrocesso, não? Pelo menos é o que reflete essa reação em peso na internet à tríade "bela, recatada e do lar"...
Del Priore - Sem dúvida, inclusive nos Estados Unidos, onde você tem movimentos feministas com tantas nuances, você teve uma reação de mulheres nos anos 90 que deixaram as grandes empresas, abandonaram suas carreiras, e que tem prazer de estar em casa, ser donas de casa, e cuidar dos filhos, se dedicar à vida doméstica. Essa é uma opção."

 
        É nítido que o padrão cultural mudou nas últimas décadas. Até a década de 1960, no mundo ocidental, as mulheres estiveram, predominantemente, afastadas das discussões políticas e do mercado de trabalho, devido a uma cultura machista, que via a mulher como apêndice do homem e responsável pelas coisas do lar.
        Nas últimas décadas, a mulher conquistou novas oportunidades de vida - o perfil independente e trabalhadora é o padrão que as jovens mulheres mais se identificam - No entanto, o perfil tradicional de mulher esposa e cuidadora do lar ainda representa a escolha de parte considerável das mulheres brasileiras.
        É notável, portanto, que rechaçar a escolha de uma mulher, seja ela qual for, vai na contramão da defesa da liberdade tão cara para muitas mulheres que perderam a vida na luta contra a opressão. Sendo assim, ridicularizar uma mulher por optar ser recatada e dona de casa é uma intolerância, que demonstra o desconhecimento da essência do movimento feminista - a defesa da liberdade.